Um 'colega de twitter' me mandou esse texto. Não sei nem o que dizer sobre ele. Só lendo mesmo...
Escrevo essas linhas na quinta-feira, 06 de maio de 2010, e só agora começo a me conformar com a eliminação na Libertadores, a tão sonhada Libertadores, a Libertadores do Centenário.
Ao chegar no Pacaembu ontem a noite senti uma vibração positiva, time e torcida numa sintonia jamais vista, ainda mais depois de sábado, onde quase 4 mil Fiéis invadiram o Parque São Jorge para acompanhar o treino, cantar e apoiar nossos guerreiros.
Mano Menezes escala o time com 3 atacantes, o esquema de 2009. O esquema que era o tormento dos adversários.
A Fiel dá um show, bexigas, faixas, bandeiras, as baterias unidas, tudo em pról do Corinthians.
Começo de jogo, o Timão sufoca, fica com a bola, não deixa o Flamengo jogar. Os flamenguistas se perdem, Adriano busca jogo no meio campo, visivelmente perdido, em certos momentos os 11 jogadores do time carioca estão no campo de defesa, acuados pelo Todo Poderoso Timão. Aos 27 minutos, após o Coringão perder algumas chances, Danilo cruza buscando Ronaldo na área, a bola desvia em David e engana Bruno. O Pacaembú explode! 1 x 0 Timão.
O jogo segue com o mesmo enredo, Coringão pressionando, Flamengo perdido e a Fiel mostrando que não é desse mundo.
Aos 39 minutos Dentinho arranca pela ponta esquerda, observa Ronaldo livre e cruza na cabeça do Fenômeno, que não perdoa e faz o Pacaembú explodir novamente. Naquele exato momento, pela primeira vez no ano do Centenário, eu botava fé no Coringão, confiava na nossa equipe.
Final do 1º tempo. O melhor 1º tempo do Coringão em 2010.
No intervalo a Fiel era pura confiança, os comentários nas arquibancadas eram: “Temos que voltar pro segundo tempo com a mesma pegada”, “O time tem que continuar indo pra cima, tá jogando muito”
E o Timão fez exatamente o contrário, infelizmente.
Aos 4 minutos do 2º tempo, Vagner Love descontou para o Flamengo, o gol que dava a classificação para os rubro negros, o gol que gelou os corações alvinegros. A Fiel continuou apoiando, numa mostra gigantesca de amor. Continuamos cantando nas arquibancadas, continuamos apitando cada vez que o Flamengo pegava a bola. Fizemos a nossa parte e fizemos muito bem feito.
O relógio parecia andar mais rápido, os minutos viraram segundos, quando me dei conta, já eram 25 do 2º tempo. O Timão se lançou ao ataque, abriu espaços para o Flamengo contra atacar e desperdiçar algumas chances (uma delas com Vagner Love cara a cara com Felipe dando um toque por cima do goleiro para fora), meu Coração Corintiano gelava, mas eu não parava de gritar, eu não podia parar de gritar, era minha obrigação cantar os 90 minutos, é o que eu podia fazer pelo Timão.
Lá pelos 30 e tantos do 2º tempo surge uma bola cruzada, sei lá por quem, para o Ronaldo, ele sobe para cabeçear (mais do que ele normalmente sobe), cabeceia, a bola viaja, dá a impressão que irá sair, mas de repente cai bruscamente, por um segundo meu Coração Corintiano se agita, a bola continua caindo e toca caprichosamente a trave esquerda do goleiro Bruno, meu Coração Corintiano volta a se desesperar. Continuei cantando, ainda acreditava, a Fiel sempre acredita, não à toa é chamada de Fiel.
Já aos 40 e poucos minutos, bola lançada pro Ronaldo, o zagueiro puxa, falta. Os batimentos aceleram. Chicão e Roberto Carlos posicionados pra cobrança. Força ou jeito? Parte Chicão, ele bate, do mesmo jeito de sempre, bem batido, o goleiro pula e espalma pra escanteio. Dali em diante me lembro apenas do apito final e das palavras que eu falava para mim mesmo: “Não é verdade... não acabou ainda... o juiz NÃO apitou...”
Olhava para o campo, perplexo, sem reação. Não lembro muito bem, mas talvez olhava ainda na esperança de os jogadores retornarem ao gramado para continuar o jogo. Ainda fiquei alguns minutos sentado na arquibancada, foi dificil segurar as lágrimas, pra dizer a verdade foi impossível.
Sai do Pacaembú como um zumbi, olhando para o céu, buscando uma resposta para tudo aquilo. Porque sempre acontece conosco? Porque aconteceu de novo? O que a Fiel fez de errado para merecer isso?
Chegando em casa nem passou pela minha cabeça comer alguma coisa, àquela altura estava apenas com o almoço (ou o que consegui comer dele) no estômago. Mas não conseguia comer, não tinha cabeça, nem estômago, nem boca, nem mãos, nem nada pra isso.
Eis que meu pai aparece no meu quarto, Seu Miguel, Corintiano da velha guarda, presente no título paulista de 1977, alega que não acompanha futebol desde o final dos anos 80 por que os jogadores são mercenários e tudo no mundo da bola gira em torno de dinheiro hoje em dia. Ele tenta me consolar, empresta o ombro amigo de pai, aconselha, me diz para não ficar chateado com isso, o mundo não acabou, a vida segue, disse que sabe muito bem como é sofrer pelo Coringão, e quem melhor do que ele pra falar de sofrer pelo Coringão, logo ele, que nasceu na década de 50, quando começava a fila do Timão, Logo ele, que encarou anos e anos sem ver o Timão ganhar uma taça, mas permaneceu lá, firme, forte.. e Fiel! Sinto uma sensação de alívio por alguns minutos. Mas, infelizmente, não dura muito.
Tomo banho e vou para o quarto. Já tenho noção que a noite será longa. Fecho os olhos e vejo flashes do jogo. Juro que em um deles vi a cabeçada do Ronaldo batendo na trave e entrando e a Fiel derrubando o Pacaembú na vibração. Em outro vejo o Felipe voando na bola e evitando o gol que tomamos. Acordei, no mínimo, umas 8 vezes nas 4 horas muito mau dormidas de sono.
As 6h30 me levanto, tomo banho e saio para trabalhar, usando uma camisa com os dizeres: EU NUNCA VOU TE ABANDONAR.
Não era pra ser. Se fosse pra ser esse ano a cabeçada do Ronaldo bateria na trave e estufaria as redes, se fosse para ser esse ano a falta do Chicão seria 10 centímetros mais pra esquerda, indefensável.
Paciência Fiel, paciência.
O sonho de conquistar o torneio sul-americano no ano do Centenário acabou. Mereciamos a vitória, mereciamos a classificação, mereciamos muito essa taça. A Fiel não merece tanto sofrimento por causa de apenas um torneio não conquistado.
Pedir calma e alegria neste momento é surreal, claro que a Fiel está triste, mas nós nunca desistimos, nunca abandonamos o time, passamos por momentos muito mais difíceis, 22 anos sem título, rebaixamento para a série b.
Como diz o samba enredo dos Gaviões de 2004: Ninguém vai me calar, nem conseguir mudar, esse orgulho de ser Gavião.
Cabeça erguida Fiel, sempre. NUNCA VAMOS ABANDONAR. VAI CORINTHIANS!
Ricardo Trifanovas.
(@RiTrifanovas)
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Assino embaixo! VAI CORINTHIANS ... EU NUNCA VOU TE ABANDONAR!
ResponderExcluirFala sério. Arrepia , enche os olhos de lágrimas. Texto muito foda.
ResponderExcluirTexto lindo.. Pois foram exatamente essas perguntas que eu me fiz.. "Porque? Porque de novo? Porque com nós?"..
ResponderExcluirA minha ficha as vezes ainda não caiu..choro fácil ainda.. Mas vai passar, somos fortes!!